terça-feira, 13 de outubro de 2009

A nossa água... nossa vida




Wolf Guminiak


Determinam os preceitos saudáveis que tomemos no mínimo 8 copos de água diariamente visando uma manutenção saudável do nosso organismo. Mas o que dizer, ou melhor, o que fazer, se a água que recebemos nas nossas torneiras está sob suspeita de conta
minação devido a um crime ambiental cometido pelos nossos administradores?

Quando se confirmou a aquisição do terreno destinado a receber o Aterro Controlado, alertávamos quanto à possibilidade da contaminação das nascentes do Ribeirão Frutal, no qual a COPASA coleta a água que consumimos no dia a dia.

No inicio do uso da mencionada área, as opiniões quanto à viabilidade e os riscos que estávamos correndo foram as mais desencontradas, e apenas uma minoria tinha uma visão realista daquilo que poderíamos enfrentar futuramente, caso não fossem tomadas as necessárias medidas de segurança. E aconteceu o pior: um verdadeiro lago de chorume se formou ao lado do lixão. E este acontecimento está registrado em fotos, não podendo ser negado em momento algum.

Na ocasião, o nosso alerta foi ouvido apenas por alguns vereadores e que gradativamente foram se desinteressando pela questão, vez que os debates se tornaram infrutíferos, assim como outros interesses estavam envolvidos, menos a proteção do Meio Ambiente. Apenas o então vereador Joaquim Leonel, mantinha-se imbatível procurando chamar a atenção das autoridades competentes para as aberrações cometidas. De nada adiantou: tanto o vereador como qualquer outra pessoa que se manifestasse contrária ao “lixão” era taxada de sensacionalista e insana. Sem dúvida alguma, interesses escusos estavam envolvidos na aquisição do terreno do Aterro Controlado.

Tanto a FEAM- Fundação Estadual do Meio Ambiente- como a COPASA em Belo Horizonte (Of. SPAM-28/2002=COPASA e Of. DISAN/nº 247/2002-endereçado pela FEAM à Superintendência de Recursos Hídricos do Meio Ambiente) se posicionaram contrários à localização do aterro controlado e este fato também foi comunicado através de oficio ao então prefeito Toninho Heitor. Como sempre, o fator saúde pública foi relegado a segundo plano e apenas alguns ambientalistas se movimentaram junto à Promotoria Pública visando evitar um desastre ambiental e que poderia trazer sérias conseqüências à população.

A Segunda Promotoria de Justiça, na pessoa da Promotora Claudia Ferreira Pacheco fez com que o então prefeito Toninho Heitor firmasse um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta. Conclusão: nenhuma das cláusulas do Termo de Conduta foi cumprida e muito menos a Prefeitura foi responsabilizada por tal desrespeito. Foram feitos procedimentos burocráticos de nenhuma valia e que era apenas “para inglês ver”, e isto simplesmente se repetiu nas administrações seguintes. O secretário de Meio Ambiente da época da aquisição do terreno apenas se limitava a dizer que estava tudo certo e ponto final. Contrariando inclusive determinações de órgãos ambientais.

Enquanto isso, sem que o lixão tivesse recebido a devida impermeabilização, o lago de chorume crescia a passos largos e se infiltrava na região das nascentes do Ribeirão Frutal. Veio a administração da Prefeita Maria Cecília Borges, e o lixo continuou sendo depositado no mesmo local sob a legação de que seria apenas temporário, pois estava em andamento a construção do Aterro Sanitário, que deveria sanar todos os possíveis problemas de contaminação das águas. Nada se fez. Apenas se postergou uma solução que teria que ser tomada com urgência. O lixo continua até hoje sendo depositado no mesmo local e as planilhas de análise das águas, onde são registradas as alterações de chumbo e alumínio, desaparecem misteriosamente para não chegarem a público. E quem se atreve a chamar a atenção sobre esta questão, sofre ameaças das mais diferenciadas formas. E dizer que temos uma Secretaria Municipal do Meio ambiente até parece brincadeira.

O máximo que se conseguiu até o presente momento foi fazer com que o Ministério Público determinasse a perfuração de poços de análises e estas análises são de responsabilidade da COPASA, sem que sejam feitas as devidas contra-análises, confiáveis, por parte da administração municipal. Portanto, “continua chovendo no molhado” e permanece tudo como dantes no quartel de Abrantes. E assim, administração municipal, justiça e ambientalistas nada fazem para que esta questão seja colocada às claras no intuito de preservar a saúde pública. As opiniões e decisões continuam desencontradas, as planilhas suspeitas que possam provar alguma coisa, são mantidas fora do alcance de alguém que ainda possa ter consciência e se interessar em combater essa agressão ao Meio Ambiente. E não é só isso. Todos nós estamos sujeitos a enfrentar problemas com uma água que levanta suspeita.

Pelo que se sabe a contaminação por chumbo já estaria a uma distancia de dez metros das nascentes do Ribeirão Frutal e ai de nós consumidores quando o período das chuvas se instalar e se formarem novos lagos de chorume. Onde estarão a essas alturas as autoridades municipais, a Promotoria Pública (onde o Promotor é o Curador do Meio Ambiente) e até mesmo os ambientalistas, isso sem contar a nossa Câmara Municipal que pelo visto apenas aparece em vésperas de eleições? Mesmo que se inaugure o Aterro Sanitário, o que será feito do velho lixão que permanecerá no mesmo local continuando a produzir infiltrações no solo até chegarem a locais indevidos? E a COPASA continuará a efetuar a captação para fornecimento de água no mesmo local?

Quem poderá responder estas questões, será apenas a Justiça. Ao povo restam as esperanças, de que algum dia providências enérgicas sejam tomadas. E quem será responsabilizado se ficar provada a contaminação da nossa água? Que o local foi condenado pelos mais diferentes órgãos ligados ao Meio Ambiente não se pode duvidar, pois está comprovado em documentos. E aqui cabe lembrar que todos pecamos pela omissão por não exercermos uma fiscalização, um controle, das atitudes e medidas tomadas pelos nossos administradores e legisladores. O futuro dirá quanto nos vai custar tudo isso...

Um comentário:

  1. É um assunto gravíssimo, onde se fazem necessárias as respostas. Sabe-se que Frutal detinha números já alarmantes de casos em que pessoas estavam com câncer. Dez anos atrás, tínhamos, segundo o Hospital de Câncer de Barretos, pouco mais de 200 frutalenses atendidos naquela fundação. Hoje, passa de 1500! Qual a explicação? É habito alimentar ou seria algo líquido ingerido? Ninguém sabe e no texto, o articulista levanta suspeitas que, pelo bem de todos, devem ser aclaradas. Ser precavido é ser chato, mas, que seria da Humanidade se os chatos não existissem? Para buscarmos respostas, há que se formular perguntas.

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