Foto: Delcione Bento
Da Redação
Foi ministrado em Fronteira um curso de Libras – Língua Brasileira de Sinais – onde professores e algumas pessoas interessadas concluíram após quatro meses de aprendizado. Como teste para conclusão do curso foram formados três grupos, sendo que cada um deveria montar uma peça teatral em Libras e apresentá-la ao público. As peças foram: O mágico de Oz; O branco de neve e A festa no céu.
O Secretário de Educação Renato Malvezze esteve na manhã deste último dia 23 na APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – de Fronteira para prestigiar o teatro apresentado por professores e colaboradores que concluíram o curso de Libras.
Malvezze destaca que o Brasil acordou definitivamente para a questão da inclusão. “É uma dívida social que a educação e o país têm com todas as pessoas portadoras de necessidades especiais. Ouve essa preocupação por parte da Secretaria de Estado e das municipais do país a fora e nós aqui em Fronteira não vamos ficar fora. A gente lida com a educação e a partir de agora será uma educação inclusiva, onde no ensino regular estão todas as crianças portadoras de necessidades especiais”.
Renato relatou que o curso de Libras veio para trazer capacitação aos professores e aos profissionais da educação e acrescentar experiência aos envolvidos. Fez questão de dizer que estava feliz e emocionado em poder assistir a uma peça teatral totalmente em libras e com a possibilidade de poder estar entendendo o que estava acontecendo no palco.
“Que alegria poder estar aqui participando do encerramento desse curso. Quero agradecer de coração a Superintendência Regional de Ensino na pessoa da superintendente Vânia que nos ofereceu uma profissional que ficou conosco quatro meses. A Alessandra vinha de Uberaba e ficava a semana toda capacitando os professores e mais algumas pessoas da comunidade que necessitavam dessa capacitação, para estar atendendo com melhor qualidade as pessoas com necessidades especiais”.
De acordo com o secretário, este é o início de um processo que é longo, pelo fato de ser difícil como toda a linguagem. Pela simbologia e o gestual que envolve a questão da libras. Em sua comunicação com a questão das pessoas que tem essa deficiência que é o surdo e o mudo. “Foi muito bom ter esse curso aqui na comunidade”.
Edmar Tiago Rios fez o curso de libras. Participou na peça O branco de neve e na oportunidade foi convidado para ser o narrador na peça ‘O mágico de Oz’. Estudando sua parte toda segunda e quarta-feira e auxiliando as outras turmas na terça e quinta-feira, foi escolhido pela professora Alessandra para fazer a narrativa das estórias.
Entusiasmado com o curso que teve duração de 180 horas, Edmar explicou que a idéia de fazer o teatro na verdade é parte do curso. “As três turmas tiveram que montar sua peça para apresentar para as pessoas estarem assistindo”.
Sendo questionado sobre o maior desafio dentro do curso, Edmar disse que o problema são algumas palavras. “Precisamos conhecer para podermos passar para as pessoas que são surdas. Só assim elas podem entender a história. É um pouco difícil mais estudando a gente consegue”.
Após a conclusão do curso, Edmar não pensa em parar. Pretende no final de outubro, prestar o pró libras. “Pretendo ainda ser intérprete do MEC e com isso poder ajudar as pessoas em Fronteira e outras cidades”.
Arlene Oliveira Plausino Lopes, 59 foi o espantalho na peça O mágico de Oz. Ao ser questionada sobre os desafios enfrentados para aprendizado da Libras, disse que sofreu um pouco por ser uma das pessoas mais velha do grupo e por isso teve mais dificuldade de assimilar, enquanto os mais jovens pegavam as técnicas mais rápido.
“Demorei um pouco para decorar os sinais, mas a persistência foi palavra de ordem para mim. É preciso adquirir o hábito de conversar sem mexer a boca, esse é o grande desafio no curso. Tenho meus objetivos, pela educação apesar de ser aposentada, mas continuo ainda na ativa. Tenho uma sobrinha surda e muda que quando ela quer conversar com agente ela fica nervosa por que não a entendemos. Agora terei oportunidade de conversar com minha sobrinha que amo tanto”.
Na peça ‘A festa no céu’ a personagem principal que no caso é o sapo, foi representada pela professora Sandra Mara Assunção Ferreira. “No começo fiquei um pouco nervosa, mas eu queria ser o sapo”.
Sandra explicou que tem uma filhinha surda e o curso não foi muito difícil devido a prática que tem no dia a dia, por se comunicar com a filha através dos sinais. Salientou que no momento que ouviu que teria o curso de libras, abraçou a idéia.
Sendo perguntada se faria o curso mesmo não tendo uma filha com necessidade especial, Sandra argumentou que faria e ainda convocou a todos para fazerem o mesmo. “É muito importante, as pessoas tinham que fazer, não porque são professores ou porque tem parente surdo, mas porque é importante você se comunicar com uma pessoa surda ou muda. Para falar com uma pessoa assim, precisa entender a linguagem dos sinais”.
(Colaborou Delcione Bento)